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Leicester City - Após a tempestade vem a bonança?

por Radiografia Desportiva, em 03.02.16

Nem o melhor guionista de Hollywood, se lembraria de uma história assim...

 

1) Final de época 2012/2013 - Leicester jogava contra o Watford para a subida de divisão e num minuto, tudo mudou! Vai ficar para a história este final de jogo.

 

2) Época 2013/2014 - Após um final dramático na época anterior, o Leicester (com um ano de atrasado) fica em primeiro lugar (com 102 pontos!) e finalmente chega à Premier League.

 

3) Época 2014/2015 - Considerado como um dos principais candidatos à descida, acabou por se aguentar e ficar a 6 pontos do último despromovido, fixando-se na 14ª posição.

 

4) Época 2015/2016 - Previa-se nova luta para se manter na Premier League, mas passado 24 jornadas... estão em primeiro lugar!!


Os fãs já cantam "We're top of the league" e parecem acreditar cada vez mais, que o sonho se pode concretizar.

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Jamie Vardy, aos 29 anos, está também a ter uma época para mais tarde recordar e em 24 jogos, já conta com 18 golos. 

 

Um dado curioso e que não deve ser menosprezado, refere-se ao número de lesões que a equipa tem. A equipa conta apenas com 2 jogadores indisponíveis e em alta competição, faz toda a diferença. Por exemplo, o Liverpool tem neste momento 7 atletas a recuperar de lesão.

 

Leicester City (lesionados)

- Jeffery Schlupp (lesão muscular hamstrings) e Matthew James (recuperação a lesão do ligamento cruzado anterior).


Liverpool (lesionados)

- Daniel Sturridge, Philippe Coutinho, Jordan Rossiter e Martin Skrtel (lesão muscular hamstrings)

- Joe Gomez e Danny Ings (lesão no ligamento cruzado anterior)

- Divock Origi (lesão no joelho, não especificada)

 

Não deixa de ser curioso, as lesões nos jogadores mencionados serem semelhantes. Recorda-se que hoje as 2 equipas se defrontaram e o Leicester venceu por 2-0, daí ser este o exemplo dado.

 

Será que o Leicester se vai conseguir aguentar e conseguir o título mais inesperado da história do futebol?

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publicado às 00:10

A adesão, partilha e aprendizagem sobre assuntos relacionados com desporto e saúde, são o foco desta página. A vossa colaboração é fundamental e nesse sentido, a Radiografia Desportiva hoje inicia uma nova crónica: "Resposta aos leitores".

 

Vai ser recordada a publicação feita no facebook da Radiografia Desportiva e que suscitou algumas questões por parte do leitor Bruno Ferreira.

 

Desporto vs Saúde

"Não é fácil ser atleta de alta competição. Mais ainda, quando todos perspectivam uma carreira de sucesso e aos 24 anos, há historial clínico de lesões graves. É o caso de Sergio Canales, médio da Real Sociedad, que voltou a ter uma rotura do ligamento cruzado anterior (desta vez no joelho esquerdo).

Palavras do atleta após saber o diagnóstico clínico: "Muito obrigado a todos, não há palavras para agradecer a força que me dão. Sempre foi um privilégio para mim jogar futebol e não vai ser agora que vai deixar de ser".

Força e boa recuperação!"

 

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Questões:

1 - Quais os factores que levam a uma reincidência, de um atleta vigiado diariamente?

2 - Genética, preparação deficiente, ausência de reforço muscular ou prevenção de lesão? Ou simples "azar"?

 

1 - A avaliação clínica dos atletas de alta competição, tenta ser o máximo detalhada e tem como principal objetivo identificar potenciais focos de lesão e de doenças. Os resultados servem para desenvolver, junto com toda a equipa (treinador, médico, fisioterapeuta, entre outros) um trabalho de prevenção e tratamento de lesões. Os exames clínicos e avaliação através de exames complementares de diagnóstico, são muitos importantes para avaliar o estado da condição física dos atletas.

 

Há algumas medidas preventivas, tendo por base as lesões prévias de cada atleta. O reconhecimento atempado dos sintomas de lesão e a sua redução e/ou alteração da carga de treino, a reabilitação completa (estando implícito que o desportista apenas deve retomar a atividade desportiva no momento em que não tiver sintomas de dor, quando a sua amplitude de movimento estiver recuperada e se tiver recuperado a força muscular até um nível de, pelo menos, 90% da que tinha antes da lesão).

 

No entanto, o tecido reparado poderá não funcionar da mesma forma ou ser menos protector que o tecido original e provocar compensações no membro contralateral. Aqui, a importância de um bom ortopedista é fundamental!

A exigência do desporto de alta competição também não é propício a um período de espera elevado (pensa-se que é totalmente desajustado, atletas após uma ligamentoplastia estarem a jogar 4 ou 5 meses depois).

—Durante todo o processo de recuperação, qualquer falha na reabilitação poderá comprometer o resultado final. O neo-ligamento pode até estar anatomicamente íntegro, mas ser funcionalmente ineficaz (Noronha, J., 2000, citado por Almeida, I. B., 2005). 

 

2 - Há alguns estudos científicos que relatam que a lesão do ligamento cruzado anterior pode ter origem genética (sulco femural mais estreito, onde passam os ligamentos). De qualquer forma, é uma analogia sempre difícil de fazer e são necessários mais estudos científicos.

 

A cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior (normalmente) é feita através de enxerto de tecido conjuntivo do tendão patelar e sendo esse tecido mais resistente, é mais difícil uma nova rotura no joelho que passou pela cirurgia. De qualquer forma, é possível e caso haja compensações do joelho contrário, este torna-se mais vulnerável a lesão.

 

Por se tratar de um atleta de alta competição, inevitavelmente requer maiores exigências físicas e um treino adicional, pela necessidade de retomar a atividade competitiva no período mais curto possível, mas com a máxima segurança.

 

Todos os exercícios para prevenção de lesões devem ser feitos... para sempre! No membro operado e não operado.

 

Têm de existir objetivos para desenvolver a constituição muscular do atleta (aumento— da produção de potência muscular) e linhas orientadoras do treino de força, tais como:

- seleção do exercício

- frequência do treino

- séries

- repetições

- resistência

- progressão da carga

- velocidade de execução

- amplitude dos exercícios

- respiração normalizada durante o exercício

(Kjaer, M. et al., 2003).

 

A maioria dos programas de treino neuromuscular incluem exercícios de equilíbrio, estabilidade dinâmica, exercícios pliométricos e exercícios específicos do desporto (incluindo o equilíbrio e salto) (von Porat, A., Henriksson, M., Holmström, E. & Roos, E. M., 2007).

 

Em relação à última pergunta "ou simples azar?"... é sempre difícil de responder. Certamente, que as equipas técnicas estão preparadas para este tipo de situações. Mas infelizmente, continuam a acontecer. A melhor forma de as minimizar, é continuar com programas de prevenção de lesões.

 

Nesse sentido, ficam alguns exercícios que se podem fazer...

 

 

Almeida, I. B. (2005). Protocolo de recuperação após ligamentoplastia O.T.O. do LCA. EssFisioOnline, 1 (2), 26-39.

 

Kjaer, M., Krogsgaard, M., Magnusson, P., Engebretsen, L., Roos, H., Takala, T. & Woo, S. (2003). Compêndio de medicina desportiva: ciência básica e aspectos clínicos da lesão desportiva e da actividade desportiva. Instituto Piaget: SIG.

 

von Porat, A., Henriksson, M., Holmström, E. & Roos, E. M. (2007). Knee kinematics and kinetics in former soccer players with a 16-year-old ACL injury: the effects of twelve weeks of knee-specific training. BMC Musculoskeletal Disorders, 8 (35), 1-10.

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publicado às 22:49

Crioterapia

por Radiografia Desportiva, em 22.09.15

A crioterapia (aplicação de gelo), diminui o edema, a inflamação e a dor (por inibição dos nociceptores) pela redução do metabolismo dos tecidos lesados. Estes fatores servem para o decréscimo do espasmo muscular e do posterior dano dos tecidos.

 

Na imagem, o jogador de futebol Hulk realiza este tipo de tratamento após o jogo da Liga dos Campeões frente ao Valência (vitória do Zenit por 3-2). 

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A crioterapia pode também ser combinada com compressão e elevação para tratar o edema. Deve ser aplicada à área entre 10-15 minutos, em intervalos de 2 horas.

 

Também há sacos de gelo instantâneo (o frio depende de uma reação química que ocorre quando os seus componentes entram em contacto). Os sacos são por norma mantidos à temperatura ambiente. Este tipo de crioterapia, permite moldar bem a região a tratar, sendo que o tempo de tratamento é o mesmo.

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publicado às 02:00

Lesões musculares

por Radiografia Desportiva, em 17.09.15

Nos últimos anos, tem existido um aumento no número de praticantes de atividade física, não apenas de competição ao mais alto nível, mas também por promoção de saúde (ou até mesmo por uma questão estética).

 

Os profissionais de saúde devem estar conscientes dos malefícios da sobrecarga muscular do treino (muitas vezes desajustado) e saber em pormenor a melhor forma de prevenção e reabilitação de lesões musculares. Vários desportos ou exercícios que necessitam de grandes mudanças de velocidade, como no atletismo, futebol, futsal, andebol ou basquetebol, aumentam o risco de ter uma lesão (nomeadamente rotura muscular).

As roturas musculares podem ser classificadas de 1 a 3, consoante a sua gravidade.

Grau I - pequenas lesões - até 10% das fibras musculares envolvidas

Grau II - lesão até 90% das fibras musculares.

Grau III - completa perda de função e continuidade da maior parte (ou de todo) o músculo.

 

O maior risco de lesão muscular, ocorre durante a contração excêntrica, já que é neste tipo de movimento que se realiza trabalho de contração e alongamento ao mesmo tempo, aumentando desta forma o stress sobre os tecidos envolvidos. A maior parte das lesões musculares deve-se a métodos de treino incorretos, nos quais não se permite uma recuperação adequada ao fim de um período de treino ou não se termina o exercício quando aparece a dor (alimentação e fadiga muscular também têm sido apontados como fatores de risco).

A imagem partilhada, resume as várias etapas na reabilitação de uma lesão muscular.

 

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publicado às 19:36

Lesão desportiva - Exemplo do Arsenal

por Radiografia Desportiva, em 09.09.15

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Equipa de sonho do Arsenal com quase 25 anos de ausência por lesão.

 

Quantos títulos é que o Arsenal podia ter conquistado no século XXI se tivesse a equipa toda apta?

A lesão desportiva exige uma abordagem multidisciplinar para se encontrar e implementar soluções efetivas e para a redução da sua ocorrência (Miller & Hart, 2008). Quando o principal objetivo é prevenir a lesão desportiva, torna-se necessário fazer uma abordagem de natureza multifactorial, para que seja possível para além da abordagem biomecânica tradicional da causa da lesão, fazer uma descrição do factor desencadeante da lesão (Bahr e Engebretsen, 2009).


Em 2002, a equipa conquistou os três títulos mais importantes em Inglaterra (campeonato, taça e taça da liga), repetindo assim o feito de 1998. Na época 2003/2004, venceu também o campeonato inglês de forma invicta.

No entanto, após essa temporada, a equipa não venceu qualquer título durante 9 anos.

 

Só em 2014, frente ao Hull City, é que foi quebrado o jejum (com a conquista da taça de Inglaterra). Esta temporada, a Supertaça de Inglaterra também foi para o Emirates, graças a um golo de Oxlade-Chamberlain, frente ao Chelsea de José Mourinho.

 

Conseguirá este ano vencer o campeonato ou alguma competição europeia?

 

Bahr, R. & Engebretsen, L. (2009). Sports Injury Prevention. United Kingdom: Wiley-Blackwell.

Miller, M. D. & Hart, J. M. (2008). Clinics In Sports Medicine. Elsevier Inc.

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publicado às 12:14

Ao que tudo indica, William Carvalho lesionou-se (fratura na tíbia) ao serviço da Seleção Nacional de sub-21 no Campeonato da Europa e está impedido de treinar e jogar desde a final desse torneio (desde 30 de Junho de 2015).

William Carvalho - Momentos de jogo

 

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Recorda-se que o médio, foi eleito o melhor jogador da competição.

Vem logo à memória, outras estrelas do Sporting, como Delfim, que ajudou o seu clube a ser campeão em 1999/2000 (fez parte da equipa que quebrou o jejum de 18 anos sem ganhar o campeonato) ou Rinaudo, que era fundamental no meio-campo do Sporting até ter uma lesão semelhante.

Delfim - Momentos de jogo (minuto 1:15)

 

Rinaudo - Momentos de jogo

 

Vamos começar pela definição do que é um osso e explicar ao pormenor todas as questões de fisiopatologia.

 

O osso possui um aporte vascular complexo e vários tipos de células ósseas especializadas que formam e reabsorvem a matriz óssea. Como nos outros tecidos músculo esqueléticos, o osso é consistido por células mesenquimais e matriz extracelular, mas ao contrário dos outros tecidos, a matriz mineraliza (Stuart, Weinstein, Joseph & Buckwalter, 2005).

 

Os ossos longos (comprimento maior que largura, como é o caso da tíbia) têm uma estrutura básica comum:

- Diáfise – corpo cilíndrico central que apresenta no seu interior o canal medular, preenchido por medula óssea.

- Metáfise – à medida que se avança para as extremidades, a diáfise vai dando lugar à metáfise, região onde já não existe canal medular e o osso é constituído por lamelas ósseas longitudinais (osso esponjoso).

- Epífises – são as extremidades dos ossos (osso esponjoso). Nas crianças são constituídas por um núcleo de ossificação secundário (que permite o crescimento radial do osso) e pela cartilagem de crescimento (que os adultos não têm). Externamente, o osso longo é revestido por uma membrana que se designa por periósteo e que tem, na sua parte mais profunda, células osteogénicas, que por um mecanismo aposicional, promovem o crescimento ósseo em espessura. 

 

As fraturas, são provocadas pela ação de forças que excedem a capacidade de resistência dos vários tecidos ósseos. A intensidade da força aplicada determina a severidade da lesão, bem como a extensão provocada quer no tecido ósseo quer nos tecidos moles (Johnston & Brian, 2004). A fratura desencadeia uma sequência de inflamação, reparação e remodelação, que pode repor o osso atingido ao nível que estava antes da fratura (Stuart, Weinstein, Joseph & Buckwalter, 2005). 

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No entanto, pode haver várias complicações das fraturas tibiais:

- Consolidação tardia - é uma complicação comum e ocorre em cerca de 1 a 17% dos casos. Se não houver evidência de união após 20 semanas, suspeita-se então de uma recuperação demorada, sendo então tratada através de enxerto ósseo.

- Não consolidação - é um problema bem conhecido que ocorre normalmente em fraturas na junção do terço central com o terço inferior. Pode ser tratado através da fixação rígida interna com compressão através de placas e enxerto ósseo.

- Não consolidação infetada - este tipo de lesão coloca graves problemas ao ortopedista e o tratamento recomendado é o método de Ilizarov de fixação externa.

- Má consolidação - devido à articulação do joelho, a má consolidação da tíbia não é aceitável pois pode provocar degenerações artríticas muito cedo.

- Encurtamento - pode ser devido a uma ineficiente união ou sobreposição dos fragmentos da fratura. Os encurtamentos superiores a 2 cm podem requerer técnicas de alongamento do osso.

- Infeção - Devido à localização subcutânea do osso, as infeções são muito comuns devido à alta frequência de fraturas compostas, seguidas dos acidentes de viação.

- Outras complicações - Sindromes compartimentais, rigidez nas articulações, refraturas e/ou dedos dos pés em forma de garra, são outras complicações comuns.

 

As complicações acima referidas, são mais frequentes por outro mecanismo de lesão que não se relaciona com o excesso de carga (é mais comum por exemplo em acidentes rodoviários ou quedas).

 

Pelo excelente acompanhamento médico que este tipo de atletas têm, as várias complicações que podem surgir com a fratura que teve, são ultrapassáveis e recuperadas. Por outro lado, devido à sua posição em campo, à disponibilidade física que terá de ter quando regressar ao campo, acreditam que continuará a ser um dos melhores do Mundo na sua posição? Voltará a exibir o seu melhor nível ainda durante a época 2015/2016?

Pelas características do seu jogo, não vai ser uma tarefa acessível. De qualquer forma, a Radiografia Desportiva espera no próximo ano, refazer a publicação e dizer que o jogador continua a ter qualidades intactas de Patrick Vieira ou Yaya Touré (se possível, melhor que os atletas citados). A sua qualidade para o desporto, também fará falta à seleção nacional.

Continuação de uma boa recuperação e que volte aos relvados em breve!

Johnston. Brian D. (2004). Injury Rehabilitation and the role of Cryotherapy. Synergy.

Weinstein. Stuart L, Buckwalter. Joseph (2005). Turek´s Orthopaedics: Principles and Their Application (6ª Ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.

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publicado às 18:44

Tendinopatia do tendão rotuliano em atletas de basquetebol

por Radiografia Desportiva, em 06.09.15

A tendinopatia do tendão rotuliano é uma lesão relacionada com a sobrecarga existente neste tendão e recorrente em desportos que tenham o salto implícito no gesto técnico (Cohen, Ferreti, Marcondes, Amaro & Ejnisman, 2008), como é o caso do basquetebol.

 

Veja o vídeo e as semelhanças de dois grandes atletas, que utilizam o salto diversas vezes no seu jogo e lançamento. Estes movimentos expõem os atletas a este tipo de lesão. A atividade que mais causa a tendinopatia rotuliana é o salto realizado de forma excessiva. Este movimento expõe os atletas a este tipo de lesão, já que o quadricípete trabalha para a extensão do joelho (impulsão para o salto) e para a recepção ao solo. 

 

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Não existe ainda uma nomenclatura que seja inequívoca em relação aos termos que devem ser utilizados para descreverem esta situação clínica. No entanto, muitos autores sugerem o termo tendinopatia para descrever de uma forma genérica todas as patologias inerentes às lesões tendinosas (Khan, Cook, Taunton & Bonar, 2000; Jardim, 2005 & Cohen, et al., 2008).

 

—O tendão rotuliano insere-se, em cima, no vértice da rótula e por baixo, na tuberosidade anterior da tíbia, depois de se dirigir obliquamente para baixo e ligeiramente para fora. A face posterior do tendão relaciona-se, em baixo, com a bolsa serosa pré-tibial e por cima, com a massa adiposa anterior do joelho (Pina, 2006).

 

—A tendinopatia do tendão rotuliano é uma das condições tendinosas mais comuns em praticantes de modalidades desportivas (Khan et al., 2000). A prevalência desta lesão varia entre 35% a 40% em basquetebolistas de alta competição. Os jogadores de basquetebol saltam em média 70 vezes por jogo e cada recepção ao solo representa cerca de seis a oito vezes o seu peso corporal (—Bhar, Fossan, Loken & Engebretsen, 2006).

 

—A abordagem terapêutica para as tendinopatias do tendão rotuliano pode ser efetuada por duas grandes vertentes: o tratamento conservador e o tratamento cirúrgico. —Em termos clínicos, independentemente da fase em que se encontre a lesão, a abordagem inicial deverá ser sempre conservadora e o objetivo do tratamento passa por reduzir a dor e recuperar a função do atleta.

 

—Para esta lesão, são várias as propostas de intervenção descritas (para o tratamento conservador), nomeadamente:

- Repouso (parcial ou absoluto)

- Crioterapia (gelo)

- Realização de exercícios excêntricos

- Eletroterapia

- Correção biomecânica dos fatores predisponentes da lesão

- Redução de carga de treino

- Farmacologia

- Ligaduras funcionais de dispersão de forças (junto ao tendão rotuliano)

(Khan, 2000; Cook & Khan, 2001; Jardim, 2005 & Cohen, 2008).

 

—Em relação aos procedimentos cirúrgicos que existem, pode-se destacar a excisão de áreas necrosadas, resseção da inserção tibial do tendão rotuliano com realinhamento e/ou descompressão do tendão assistida com artroscopia (Khan, et al., 2000).

 

—Apesar de ser muito estudada, a tendinopatia do tendão rotuliano não possui uma evidência científica consistente que clarifique as suas causas, o seu processo fisiopatológico e os procedimentos utilizados no tratamento conservador.

Bons treinos!

 

—Bhar, R., Fossan, B., Loken, S., & Engebretsen, L. (2006) – Surgical Treatment Compared With Eccentric Training For Patellar Tendinopathy (Jumper´s Knee).The journal of bone and joint surgey, Vol. 88-A, nº(8).

—Cohen, M., Ferreti, M., Marcondes, F. B., Amaro, J. T & Ejnisman, B. (2008) – Tendinopatia patelar. Rev Bras Ortop, nº (8): 309-18.

—Cook, J. & Khan, K M. (2001) - What is the most appropriate treatment for patellar tendinopathy? Br J Sports Med, pp 291-294.

—Jardim, M. (2005) – Tendinopatia Patelar. EssFisOnline, Vol. 1, nº (4).

—Khan, K. M., Cook, J. L., Taunton, J. E. & Bonar, F. (2000). - Overuse Tendinosis, Not Tendinitis - Part 1: A New Paradigm for a Difficult Clinical Problem. The Physician and Sports medicine, Vol.28 nº 5.

—Pina, J. A. E. (2006) – Anatomia Humana da locomoção. 3ª Ed., Lidel - Lisboa.

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publicado às 19:37

Lesão do ligamento cruzado anterior

por Radiografia Desportiva, em 02.09.15

Os ligamentos são bandas fibrosas orientadas entre os topos ósseos que mantêm a congruência articular e impedem que haja movimento excessivo nas articulações, permitindo assim estabilidade articular. O papel do ligamento cruzado anterior é prevenir a projeção anterior excessiva da tíbia em relação ao fémur e é um dos principais ligamentos sujeitos a lesão, em desportistas.

 

A sua reconstrução, pretende criar uma réplica do ligamento original e o objetivo máximo da reabilitação após a lesão, é a recuperação do movimento e função, sem a manifestação dos sintomas, de forma a permitir que o atleta retome, o mais rapidamente possível e de forma segura, o nível de atividade que praticava antes da lesão (McMahon, 2007). A Fisioterapia é frequentemente utilizada após a reconstrução cirúrgica do ligamento cruzado anterior, maximizando a função e restabelecendo a amplitude de movimento, força e coordenação neuromuscular.

 

Durante todo o processo de recuperação, qualquer falha na reabilitação poderá comprometer o resultado final. O neo-ligamento pode até estar anatomicamente íntegro, mas ser funcionalmente ineficaz (Noronha, 2006). Apesar de 6 meses ser o período de tempo necessário (a remodelação histológica apenas se completa neste tempo) para o regresso à prática desportiva, existem casos de futebolistas que retomaram a prática competitiva antes desse tempo. O risco de recidiva, é inevitavelmente maior, qualquer que seja a evolução apresentada até ao retorno e as consequências também não são variáveis ao atleta (como dor ou osteoartrite). Deve-se sempre respeitar os prazos de recuperação.

 

Esta é uma lesão bastante falada e comentada em futebol. São inúmeros os atletas que já tiveram este tipo de lesão. O programa de treino deve ser coordenado de modo a que a condição do atleta seja reabilitada, com o intuito de o reintegrar nas actividades desportivas específicas, dentro do mesmo ritmo (Grodski & Marks 2008).

 

O futebolista, dada a natureza intermitente do seu esforço e a ampla faixa de intensidades que o caracteriza, tem de privilegiar no seu treino aspectos tão distintos como o desenvolvimento da força explosiva, da velocidade, da resistência anaeróbia e da resistência aeróbia.

 

 

 

 

 

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Grodski M, Marks R. (2008). Exercises following anterior cruciate ligament reconstructive surgery: biomechanical considerations and efficacy of current approaches. Research in Sports Medicine; 16(2): 75-96.

—McMahon, P. (2007). Current diagnosis & treatment: Sports Medicine. Pittsburgh: Lange Medical Books/McGraw-Hill.

—Myklebust, G. & Bahr, R. (2005). Return to play guidelines after anterior cruciate ligament surgery. Br J Sports Med, 39(1): 127-131.

Noronha J. (2006). Lesões do ligamento cruzado anterior. Espregueira-Mendes J, Pessoa P, editors. O Joelho. Lisboa: Lidel - edições técnicas, Lda: 147-182.

 

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publicado às 01:08

Setembro de 2015 - Lesões do membro inferior

por Radiografia Desportiva, em 31.08.15

Durante o mês de Setembro, a Radiografia Desportiva irá identificar algumas das lesões de membro inferior (tornozelo, joelho e anca) mais frequentes do desporto e explicar a sua avaliação e forma de tratamento. Esteja atento.


#desporto #saúde #radiografiadesportiva


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publicado às 23:21

Relva sintética vs Relva natural

por Radiografia Desportiva, em 26.08.15

A Radiografia Desportiva hoje aborda o tema dos diferentes tipos de relvado, que dão vida à magia do futebol. Poderá o relvado artificial ser mais propício ao risco de lesão desportiva?

 

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O CSKA de Moscovo (adversário de hoje do Sporting Clube de Portugal) joga em relvado natural, mas por exemplo o seu rival Spartak de Moscovo utiliza relvado sintético.

 

O piso sintético tem sido a solução para diversos campos (e também recintos escolares) já que a sua manutenção é relativamente simples e é resistente a alterações de clima. De qualquer forma, as notícias sobre este tipo de relvado têm sido pouco indicadas para a prática de desporto de alto rendimento. Por exemplo, este ano o Boavista foi obrigado a trocar o relvado sintético por natural na época 2015/2016. Recorde-se que o Estádio do Bessa, era o único na 1ª Liga Portuguesa a ter relva artificial.

Fará sentido, tendo em conta a saúde dos atletas?

 

Segundo, alguns estudos científicos, parece que sim. É claro que ainda é necessário haver uma exaustiva avaliação de lesões em diferentes relvados, para informar os atletas, profissionais de saúde e organismos desportivos dos mecanismos de lesão e fatores de risco.

 

Apesar do referido, alguns estudos científicos demonstraram que:

- Em vários campos de relva artificial, houve um aumento do risco de lesão no tornozelo.

- Qualquer inferência quanto à gravidade de lesão é inconsistente, apesar de jogar na relva sintética ser mais suscetível a feridas/queimaduras.

- Um dos principais padrões de lesão no relvado sintético, em comparação com o natural, inclui a probabilidade do pé ficar fixo quando há mudança de direção do atleta e assim, pode acrescer o risco de lesão.

 

The Relationship Between Core Stability and Performance in Division I Football Players

 

A Review of Football Injuries on Third and Fourth Generation Artificial Turfs Compared with Natural Turf

 

Comparison of the incidence, nature and cause of injuries sustained on grass and new generation artificial turf by male and female football players. Part 1: match injuries.

 

Is there a relationship between ground and climatic conditions and injuries in football?

 

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publicado às 00:56


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